Vanessa Garcia Fuzatti, Psicóloga Clínica, Paulistana, Graduada pela Universidade Cruzeira do Sul em São Paulo/SP- Especialização na área Cognitivo Comportamental.
Atua na área Cognitiva Comportamental.
“Neste
momento, onde todos os espaços e atividades culturais sejam públicos ou
privados, onde os artistas em todas as formas de expressão da arte e cultura
encontram-se sem a possibilidade momentânea de divulgar seus trabalhos e suas atividades,
tenho percebido através de conversas com amigos artistas a crescente
preocupação em relação ao retorno de todas as atividades culturais em nossa
cidade e pais.
"Edmundo Cavalcanti"
Vanessa Fuzatti
O
artista é uma pessoa livre, pois o processo artístico vai muito além daquilo
que nossos olhos podem ver. O artista tem algo de anjo, ao criar seu trabalho
expressando sua arte, transcende o sexo, a cor, a raça, o tempo,a religião e o
espaço, não existe certo ou errado, apenas a criação daquele que se entregou
livremente a arte.
Entre tantas possibilidades, tem uma que o artista não
espera, não combina com o seu dom, ser podado em sua liberdade de expressão,
pois ser livre é o seu oxigênio, seu alimento. O contemplar de sua obra é fonte
inesgotável, para novas criações. Como dizia o grande Vicente Van Gogh:
"... E depois, tenho natureza, arte e poesia, e se
isso não for suficiente, o que é suficiente? "
Até que um dia entre o verão e o outono , às coisas
saiam do lugar comum, de uma forma que nenhum artista , nem do auge do seu
processo criativo imaginaria.
Um vírus vem pelos ares e subtrai aquilo que o artista
tem de único, a liberdade. Os palcos se apagaram, às galerias, exposições e
feiras de arte se fecharam a música já não toca no mesmo tom... Seu público e
admiradores encontram-se presos no medo, na angústia.
Uma pandemia roubou a cena, brilhando mais que qualquer
arte, as luzes e holofotes estão nela, ninguém ousa criar o amanhã, pois agora
tudo é incerteza.
Entendemos por isolamento, a separação de algo do seu
contexto, no nosso caso estamos separados dos demais, da rotina que até então
tínhamos, privados do direito de ir e vir.
Como fica o lado emocional do ser humano isolado?
Principalmente de um grupo seleto de pessoas, que trabalham através da
expressão da criatividade, da liberdade de criação, o artista.
Quando adentramos no aspecto psicológico do ser humano,
temos algumas variantes, o comportamento humano varia de acordo com aquilo que
cada indivíduo traz desde sua tenra idade, portanto cada qual agirá de uma
forma diferente num mesmo momento vivido.
Alguns artistas vão se sentir atados, enquanto outros
vão utilizar suas ferramentas de trabalho, e através das tintas e dos pincéis
colocarão toda sua emoção expressando os sentimentos que a pandemia lhe trouxe.
Devemos lembrar que a pintura faz parte de um processo
psicoterápico, onde o paciente expressa suas dores e conflitos através da arte.
A médica psiquiatra Nise da Silveira, foi a precursora nessa questão, no Centro
Psiquiátrico em que clinicava passou a integrar na área de terapia ocupacional,
criou ateliês de pintura e modelagem, com a intenção de possibilitar aos
doentes mentais uma forma de entrar em contato com a realidade. Dessa maneira,
revolucionou a Psiquiatria que até então, só utilizava eletrochoque,
insulinoterapia e lobotomia nos seus pacientes.
“Recomendo
que todos os artistas, independente do segmento, não parem com sua arte,
canalizem a energia do momento em suas criações. Cantem, dancem, interpretem e
pintem!!!!”
“Nós
precisamos de vocês! Só o artista toca nossa alma através da sua música, transportando-nos
aos momentos mais emocionantes das nossas vidas. Seus personagens nos permitem
uma identificação quando já nos achávamos sozinhos. Suas pinturas nos
transportam ao infinito, para lugares que jamais imaginamos existir. Quem ao
ver uma tela com uma singela casinha, e um lago ao seu entorno, não se imaginou
lá? Vou mais longe, conheço pessoas que ao verem lugares retratados em quadros,
juraram que já estiveram naquele local, mesmo ao saberem que a imagem retratada
é apenas a criação de um artista.”
“Continuem,
criem, produzam, logo, logo, estaremos unidos novamente, vocês no palco, nas
exposições e nós aplaudindo.”